O Brasil é um bolo de fubapho todo dia

O Brasil é um bolo de fubapho todo dia

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Elijah O´Donnel via Unsplash

Nem amanheceu e os jornais já estão à espera da próxima mordida. Tudo o que se fala hoje em dia é sobre a política. Veja bem, não há como fugir. O café continua sendo passado, o pão ainda está no forno, o suco no espremedor, assim como a gente, vivendo espremidos naturalmente entre desastres. Só xs laranjas salvam.

O bolo de hoje é de fubá, fubaphos políticos regados a calda de goiaba. Eu quero escrever sobre outras coisas, mas tudo o que eu penso são em críticas gastronômicas. Já falei sobre o filé mignon, as folhas amargas da vida e para conseguir debater eu penso em me defender é de garfo e faca. Como é que podemos dentro da nossa cultura, melhorar o país em momentos como este?

Queria falar do purê de batatas péssimo que comi outro dia em um suposto restaurante italiano que cobra caro. A salada no cardápio descrevia rúcula e no prato só tinham alfaces. Lava Jato no cardápio mentiroso. E tanto faz lavar rápido ou lavar devagar, a verdura tá contaminada. Assim como a política.

O próximo texto é sobre o merengue veneno. O mundo é pequeno para tantas toxinas no morango. Queria contar que agosto começa a safra. Mas esqueço que por aqui tem tudo o ano todo. Doce mentira, formato de coração, pele vermelha e brilhante, pequenas unidades de sementes com cara de quem vai saltar a sobremesa, assaltar sobre à mesa. O sabor não chega nem perto de uma fruta rara nos solos brasileiros de hoje em dia. A fruta dos solos sem venenos. Não vamos mais comer frutas? A indústria não deixa?

Queria mesmo ser uma abelha. Ia viver pouco, mas sem essas decepções. Viver em grupo, polinizar o mundo e buscar os locais mais incríveis para ajudar. A gente tá aqui reclamando com grandes braços e cérebros. A natureza só observa o que estamos fazendo e na hora da conta não vai ter a desculpa, “foi ele”.

Colherada grande de feijão para aguentar com ferro o jornal do dia seguinte. Ninguém quer discutir o milho ou qual sensação a carbonatação causa no seu paladar. Mas no final das contas o afago do bolo é necessário. O açúcar dá energia para enfrentar, mais uma notícia do distrito federal. Não no meu café, que prefiro amargo como as manhãs brasileiras.

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