São Sebastião gastronômica, 160 anos depois

São Sebastião gastronômica, 160 anos depois

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Pinguim, choperia tradicional em Ribeirão Preto | Foto: Rafael Almeida

10 anos atrás era uma Ribeirão Preto diferente. Volte no tempo comigo.

Era 2006. A cidade já era estabelecida, tinha fama agrícola e cervejeira. O lugar de formação de muitos profissionais que daqui saem e ganham o mundo e dos que foram ficando e modificando a cidade. Nessa época nem tão antiga assim, a cidade ainda tinha poucos pontos de referência no quesito gastronomia, mas não deixava a desejar nos guias importantes nacionais. Foi aí que eu voltei. Cheguei em Ribeirão e observei o mercado.

Mas vamos voltar um pouco antes. 160 anos atrás. Foram os mineiros os primeiros a colocarem os pés por aqui. O drama já começa daí, porque Ribeirão tem muito de São Paulo, mas vou te contar que tem muito de mineiros por aqui também! Começamos na verdade lá longe com criação de gado e agricultura de subsistência.

Os cafezais devem ter sido a primeira referência gastronômica de Ribeirão Preto, em 1870 a coisa começou a andar.  Logo em 1876 o café, tipo Bourbon, chegou por aqui pelas mãos de Luiz Pereira Barretos. Altitude e clima podem rapidamente definir ribeirão como um bom local para este tipo de plantio. A Fazenda Guatapará, São Martinho e Monte Alegre são nomes que eram conhecidos na Europa nesta época de ouro. Do século XX. Em 1883 foi inaugurada a Estação da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro para trazer imigrantes e também escoar a produção da região. As cidades ao redor que não chegavam a ferrovia, eram abastecidas pela grande cidade que se formava.

Mas 1929 foi um ano difícil na história em geral, inclusive para Ribeirão que viu encerrar sua próspera fama e glória. Com o declínio do café, surgiu a cana-de-açúcar e nos ensinou sobre açúcar e álcool. Nesta época a cervejaria paulista já liberava cheiro de malte por suas chaminés.

A lenda viva aqui desde 1936 é o Pinguim e seu mitológico chopeduto. Da fábrica que hoje é um centro cultural importante para a cidade e outra que parece que vai ganhar um shopping, bairros de formaram, trabalhadores fizeram carreira e criam famílias. Ao lado da rodoviária supostamente passava um duto que saia direto dos tanques para a enorme chopeira a gelo. Chopes que pareciam ter saído de um concurso desfilam rapidamente entre as mesas com pés do bicho. Todo mundo tem um mimo em cima da sua geladeira (ou já teve ou vai ter!).

O cheiro da Mabel deve ser uma das coisas mais marcantes que eu me lembro de quando ainda era criança por aqui. Principalmente (e devia ser estratégico!) ao lado do galpão do café Utam. Biscoito fresquinho é mais crocante! A fábrica de biscoitos e rosquinhas tem quase 60 anos, a de café quase 50.

Eu adoro o clichê de Ribeirão “se não tem mar vamos pro bar” e saibam que Belo Horizonte também usufrui deste ditado! São tantos bares que tem até concurso para eleger os melhores de comida de buteco. A cidade inteira sai ganhando. Uma legião de adoradores de bacon, petiscos e finger food (aquela comida que a porção cabe na mão podendo se comer sem talher)

Tanabata é um Festival de comida japonesa que é bastante típico na cidade, o festival reúne cerca de 60 mil pessoas e acontece faz 24 anos.

O Pastel das várias feiras é também para alguns o almoço de domingo.

A comida de rua sempre foi ponto alto da cidade. Avenida Presidente Vargas é um menu degustação de cachorro quente e sanduíches com preços bem leves.

Uma época em que tínhamos poucas escolhas como 10 anos atrás, algumas casas já despontavam por aqui. A Coxilha dos Pampas, que eu me lembre foi a primeira churrascaria do tipo a ter um serviço mais afiado e rodízio desejado! Passaram casas como Barbacoa, S.A, Albanos, Deck Delícia, etc que ferveram a noite ribeirão-pretana.

Sinceramente em uma cidade quente como a nossa, merece uma boa limonada, um chá gelado, uma taça de vinho branco, uma água de coco ou aquela boa garapa. Merece também uma água de qualidade invejável, excelentes cafés gelados, um bom açaí e claro, uma cerveja artesanal fresquíssima!

São Sebastião hoje é padroeiro da cidade. Comecei o texto assim para entendermos o longo caminho que percorremos, mas também pensar o longo caminho que ainda existe.

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