Sociedade da aveia, uma tendência cervejeira?

Sociedade da aveia, uma tendência cervejeira?

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Quando eu era pequena, aveia tinha um papel fundamental na minha casa. A figura daquele frade com o chapéu preto e pontudo não me era tão amigável, mas a caixa, perfeitamente retangular e simples continha o ingrediente que se transformava em tantas coisas que eu gosto: o mingau, o crocante na banana e até um bolo aromático com especiarias. E agora, cerveja.

Dias atrás eu escrevi um texto sobre como me tornei a tia da cerveja (AQUI), e cá estou eu, nostálgica e adorando a minha cerveja super fresca e saborosa, e de aveia. Os velhos e tradicionais paladares muitas vezes estagnados em seus tempos reclamam das mudanças. É preciso quebrar os paradigmas cervejeiros e entender tudo o que ainda pode ser feito e será.

Como assim, cerveja DE aveia?

Existe bastante conteúdo na internet para ler sobre o assunto e muitas dicas cervejeiras sobre o tema e os benefícios. Separei alguns AQUI AQUI. E é interessante como alguns sites mais antigos diziam “não se deve usar mais do que 10% de aveia, deixa a cerveja turva” como sei isso fosse algo ruim. Hoje entendemos que tudo bem ter turbidez, se quiser. E aveia é sobre isso também, cervejas super turvas, aquela sensação de “rústico”, uma textura macia, aveludada. Antes só destacávamos o uso da aveia em cervejas de estilos mais escuros como Porter e Stout, ou um pouco em Witbiers, até Saisons, mas quase ninguém trazia isso à tona.

A cerveja e a história por trás de cada rótulo. Essa vida cervejeira dá um livro. Bite & Blow para uma noite de estudos.

Voltando as NEIPAs (já que estou tomando esta receita que a base é esse estilo) as escolhas de leveduras, cereais, técnicas de lupulagem e afins, me mostra o quanto ainda conseguimos desdobrar estilos, apesar de eu ter aquela mini treta dentro de mim (que não precisava ter o “nome” IPA em algum lugar da classificação deste estilo). Contudo, o detalhe não afeta o sabor neste caso. No BJCP, o estilo é o número 21B (AQUI)

As NEIPAs de hoje (como se elas fossem velhas!) usam muita aveia em flocos para trazer textura para a cerveja, entre outros fatores. Oatmeal Stout é um exemplo super clássico de cerveja (e li que é de 1895) que utiliza aveia, e é conhecida por suas características singulares com o cereal não maltado. Oat em inglês é aveia, meal é refeição. Mas cervejas de aveia tem uma história ainda mais antiga, com descrições sobre seu uso milênios atrás.

A pergunta que agora surge no mercado artesanal é: “E se a gente colocasse muito mais de aveia”? E com isso, curiosidade, ciência e testes, vem surgindo uma sequência de cervejas com uma personalidade um pouco diferente, mas ainda muito saborosa. Encontrei um artigo interessante de um homebrew americano. O cervejeiro Marshall Schott fez diferentes brasagens testando a capacidade da aveia e comentou tudo em um artigo interessante, AQUI.

Misturei tudo para dizer que as cervejas com aveia estão chegando cada vez mais perto de serem abraçadas e comemoradas. Neste calor, eu clamo por uma Bite & Blow, muito refrescante e que foi lançada semanas atrás pela Ux Brew. Tem 5,2% de álcool. O IBU é 50, mas tem muitos fatores a serem considerados. O corpo é médio, mas com alto drinkability. A textura é macia, mas o final mais seco e com um retrogosto marcante. Os lúpulos foram TNT, Simcoe e Ella, uma mistura acertada para esta cerveja de aveia. Para comprar esta cerveja online e na loja oficial da cervejaria, clique AQUI. Para comprar um mix da Ux Brew, com uma cerveja dessa e mais experiências, clique AQUI.

Apesar das minhas piadas continuarem antigas, busco conhecer o que há de novo quando o assunto é cerveja. Enquanto eu for sommelière e não comediante, busco prazer maior em entender aquilo que tem em minha boca, quando líquido. “Bebo-o pois liqüido é, se sólido fosse, comê-lo-ia” J.Q..

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