Fermentar é um ato político

Fermentar é um ato político

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Quando recebi a notícia de que me tornaria a nova colunista da Farofa, imediatamente após dar pulinhos na rua e ligar pra minha mãe contando, comecei a pensar em qual seria o tema do meu primeiro texto.

Assim, como política é um assunto que está bastante em pauta, pensei que seria um tema que fizesse você, caro leitor curioso, abrir o texto dessa novata. Mas afinal, o que política e fermentação tem a ver?

Quem vê um vidro de chucrute fermentando ou uma marca de cerveja artesanal local numa feirinha, talvez não imagine o quanto isso é realmente revolucionário. Em uma era, onde nosso tempo limitado torna nossas refeições cada vez mais solitárias e calóricas, o conhecimento cultural e as tradições das práticas alimentares se perderam.

Cansados desses alimentos vazios, os revolucionários buscam cada vez mais por um propósito. Desse modo, quando fermentamos nossos alimentos e bebidas, resgatamos a cultura dos nossos antepassados. E quando adquirimos produtos fermentados de pequenos produtores é como se fizéssemos parte de uma grande revolução, onde temos como aliados um exército de seres microscópicos.

Além disso, em prateleiras abarrotadas de marcas nos grandes supermercados, é difícil identificar alguma que levante com autenticidade as nossas bandeiras. Nós não queremos mais consumir de quem apenas nos conta algo bonito nos rótulos e nas redes, queremos conhecer e ouvir dos próprios produtores as suas histórias. Se pudermos escolher, que compremos de quem apoie as nossas causas.

O que comemos e o que bebemos reflete muito nossa forma de ver e interagir com o mundo. Que em nossos pratos e copos sejamos fiéis às nossas ideologias.

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