O gabinete do ódio cervejeiro

O gabinete do ódio cervejeiro

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Janelas com os vidros quebrados. Foto: Matt Artz via UnsplashJanelas com os vidros quebrados. Foto: Matt Artz via Unsplash

Cerveja é festa, cerveja é democracia. Consuma local! A cultura cervejeira busca expressar os sabores de um povo, mostrando a todos o feliz brinde do mercado artesanal, com união e amor.

Balela.

Temos um objetivo, mas estamos longe de cumprir. Até quando o mercado cervejeiro artesanal, no âmbito profissional, vai continuar aceitando que estejamos o tempo inteiro nos sabotando? Faz 10 anos que estou transitando pelo mercado, e eu vejo que passamos por muitas coisas, muitos desafios e vencemos. Mas falta tanto. E não estou só falando das questões óbvias de impostos, logística, tecnologia e infraestrutura a resolver. A questão aqui é outro tipo de estrutura. A da moral e da ética.

Uma frase que eu sempre usei em treinamentos é a seguinte:

“Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter.” Oscar Wilde

O resumo da ópera é que existe um grupo fechado de cervejeiros que desde janeiro de 2015 usufruem da internet, terra sem lei, para se divertirem. E fazem isso como se estivessem no tempo dos romanos, em saraus regados com álcool; e com uma maturidade de quinta série. Aqueles que se destacam nas mídias sociais nichada do ramo artesanal, são alvos fáceis para montagens, piadas preconceituosas e racistas. Se for mulher, se for minoria então, dói ainda mais nos testículos sensíveis do gabinete do ódio.

O Brasil é terra de ninguém? Até quando vamos permitir que a moral do mercado seja abalada por figuras como essas?

Eu como consumidora preciso saber sobre os valores dos produtos que eu consumo, não apenas na sua qualidade. Precisamos refletir sobre o poder que governa nossas escolhas. Um produto bom, mas que foi fabricado por alguém que despreza os seres humanos, é realmente um bom produto?

Se gosto não se discute, se o mercado é laico, se a moral é necessária, a ética precisa se fazer presente em 100% do tempo. E se não sabemos como fazer isso, chegou o momento de olhar com clareza para essa dor que o mercado sente.

Estamos afundados em decepção. 2020 é um luto atrás do outro.

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