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Ceia de Natal é sanduíche do dia 26

uma pessoa segurando um rosto de papai noel

Foto: Markus Spike Unsplash

Todo ano a mesma coisa. Todo ano sobra. Natal é fartura, é família unida. Pratos e talheres e copos tirados do armário. As coisas se empoeiram de um ano para o outro. Aquelas travessas de vidro grandes só se usa no Natal. Que outro dia mais viria tanta gente para jantar, com tanta pompa?

Este ano fizemos até grupo especial no whatsapp. CEIA DE NATAL 2018. Quem me dera tivéssemos focado no cardápio e organizações. No terceiro dia meu cunhado mandou um GIF e de lá para cá nos perdemos em bom dia, política leve em comparações coloridas, letras de músicas natalinas e vez ou outra uma tia colocando o cardápio, para ver se voltava o foco.

A estratégica cervejística funcionou bem. Começamos com as leves, de trigo, passamos para as maltadas sem quase nem perceber e quando vi estava perdida levemente na Doppelbock. Quer dizer, a minha taça estava perdida e a gente arrumando a bancada onde a ceia ia pairar. Me ajudou a não beber tanto. Fígado agradeceu depois de todo aquele queijo e gordurinhas “do bem”.

Para mim o Natal acontece mesmo no 24, na véspera. Dia 25 fico meio tonta, jiboiando com o sangue todo no estômago, tratando de resolver as várias idas até o pote de Pavage (me recuso a chamar aquele doce esplêndido de pavê e não poder comer sem ter que fazer piada!). Meu intestino reclama, é o funcionário do mês. Fígado ficou com a medalha de prata.

Cada um trouxe um prato, era o combinado. Então tivemos um pot-pourri, misturamos várias tradições. Desde a presença rotineira do tender, passando pela pequena leitoa no moderno sous vide e fechando com torta de lentilhas para totalmente vegetarianos. No meio disso, farofa, arroz (que eu consegui fazer errado), molhos, purês, batatas, legumes e afins. Em determinado momento vi um bacalhau bem português passando cheio de azeite de um prato ao outro. Onde fomos parar?

A melhor desorganização se mostrou foi na sobremesa. Como o grupo já estava perdido em outras notícias, imagens antigas dos velhinhos e agendas 2019, ninguém falou muito da sobremesa e “eu faço um pudim” ficou perdido em frases soltas e visualizadas sem serem vistas. Quando vimos, o balcão que tinha abrigado jantar para muitos, tinha sobremesa para vários. Pavage 😉 Cheesecake, Mousse, frutas, chocolates. Tive um pico de felicidade e depois aquele cansaço que bate logo antes de lavar a louça.

Guardamos tudo. É plástico filme para um lado, tupperware para outro. Fase final de Tetris na geladeira. Parece que nada vai dar certo. Não vai caber. Olha para a mesa e ainda faltou guardar a salada, quase ninguém quis comer alface. Só a salada da sorte de trigo com romã foi devorada. Nem tocaram na cenoura e agora ainda precisa caber na geladeira.

Eu olho esse último momento de ceia e penso: depois de amanhã, tudo o que sobrar eu refogo com cebola, tudo picadinho e faço um sanduíche. O sabor maturado do natal ainda vibra. Sobrinhas que guardam o sentimento de confraternização, louça, sabores, abraços, roupas bonitas e pessoas arrumadas para passarem juntas essa noite tão única e que nos conecta. Ao fim, eu jogo queijo derretido em cima e ainda agradeço a presença e os presentes daquele dia.

Já saí do grupo do zap by the way. Que venha a ceia de Novo Ano.

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