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Cerveja & Pudim, harmonia mais brasileira impossível

Entre o fim de 2018 e o começo de 2019 falei muito de pudim, falei de cerveja também, mas falei de pudim em diferentes formas de textos, mas quase sempre com tom divertido, assim como o açúcar nos faz sentir. Mas não estava comendo pudim, só escrevendo sobre ele e pensando no dia que a minha rotina e a memória se lembrariam juntos dessa vontade. Depois de semanas tocando no assunto, me organizei e comprei os ovos, mais frescos, já que o leite condensado é algo que perdura sem preocupações com a validade, no armário escuro.

A cerveja eu já tinha. Comprei no meio de dezembro, quando fui a trabalho para São Paulo e encontrei pelas prateleiras de lá, depois que vi uma foto no Instagram das cervejeiras confeiteiras Daiane Colla e Fe Meybom. Já sabia que um dia esse encontro poderia acontecer, estava realmente arranjando o enlace, o namoro, a execução. Precisava só de tempo para produzir tudo isso.

A questão é que o brasileiro ama cerveja e ama pudim como dois itens separados em seu cardápio de tradições. O fato é que podemos, com algumas particularidades, unir os dois. Não é de qualquer cerveja que estamos falando e também não é de qualquer pudim. Até porque minha experiência foi muito limitada para argumentar de forma a generalizar essa combinação.

Depois de fazer um pudim bem clássico, mas apenas de leite condensado, leite e ovos, esperei o tempo certo de geladeira e enfim estava pronta a sobremesa. Fui a geladeira e abri a lata Smoked Puddin Porter, uma receita colaborativa entre as cervejarias Maniba e Dádiva. Tentei ser ao menos na primeira garfada/golada, técnica. Minimamente prestei a atenção do que aconteceu na minha boca, como foi a reação as papilas.

Cheguei à conclusão de que a combinação é fantástica, mas não para misturar tudo na boca e fazer um terceiro produto. A cada colherada que eu dava, me abastecia de massa e calda e aquele doce explosivo caramelo na boca. Só depois é que eu bebia a cerveja. As notas defumadas se entrelaçavam com o que que tinha ficado na língua. O tostado do malte fazia a vez da calda, o álcool aquecia e derretia mais um pouco o prazer e a carbonatação e amargor ajudavam eu delirar pela próxima colherada.

Foi assim, em pequenas mordidas e goles que me satisfez esse namoro. Ficou a sensação de dever cumprido, de nostalgia vivida no meu mundo atual. O doce que já foi tão infantil para mim ganhou corpo e companhia. Não que eu vá fazer sempre. As vezes o pudim só ele mesmo, ou a Porter por si só, são fantásticos, mas uma vez por ano a gente se deslumbrar, sair do sonho, também é delicioso.

Assim termino meus artigos de pudim pelo menos para este começo de ano. Vou voltar a estudar as diversidades e escrever sobre a gastronomia que eu vivo, além das caldas de caramelo. Quer ler o que eu já escrevi? Tem texto AQUIAQUI e AQUI (um texto sobre confeitaria brasileira, que o Lucas Corazza escreveu.

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