O sábado amanheceu frio e demoramos a sair da cama mais do que o habitual. Depois da preguiça, ainda de pijama, desci para fazer o café como sempre. Pão na chapa e a água fervendo, enquanto meu marido foi dar o “café da manhã” da Filó, nossa cachorra idosa.
No cômodo que guardamos a ração, junto as ferramentas e outros itens, estava tudo no chão. Revirado. O fato é que na madrugada invadiram a casa e fizeram uma limpa. É horrível o momento que você percebe que foi roubada. A sensação de medo sobe da cabeça aos pés e ainda meio estremecendo fomos olhar o que mais haviam levado.
As caixas de cervejas para a festa de aniversário daqui menos de um mês também sumiram, junto com algumas sacolas que estavam nesta dispensa. A geladeira que fica do lado de fora, e abriga todas as nossas cervejas geladas estava aberta, com a porta mal fechada. Na primeira olhada já vimos que faltava o Growler de chope IPA com gengibre, umas outras latas e as garrafas grandes que ficavam na porta.
Roubaram as Lambics! Sabe aquelas cervejas que a gente fica esperando um dia especial para tomar? A vida real parece que não dá chances para esses momentos. Por um segundo eu ri. A sommelière que habita em mim, sarcástica, pensou no momento que esses cretinos irão abrir a grande e chique garrafa e vão perceber o celeiro que se meteram.
Na pia desta área tinha uma cerveja Lager aberta. Era uma lata velha que sobrou de algum churrasco de anos atrás, com certeza já estava vencida a tempos. Abriram, beberam dois goles e largaram por lá. Algum castigo na madruga teve.
Na geladeira sobraram algumas cervejas, não levaram tudo. As Hard Seltzer que eu ainda não provei lá ficaram. As Kombuchas também não geraram interesse. Levaram o peito de pato que estava no congelador, mas deixaram os bolinhos de arroz congelados.
Parece que vai ter harmonização. Má fé combinando com cerveja roubada e nenhum aperto no peito dos patos salafrários. Daqui Boletim de Ocorrência, falamos com os vizinhos, vamos puxar as imagens das câmeras de segurança. Um dia cheio de más lembranças de outros roubos, aquela coisa de perder a fé na humanidade, lembrar que o mundo é essa bagunça entre pessoas que passam fome, a falta de educação que amplia qualquer atitude ruim, o desfalque de humanidade nos humanos, o assalto da confiança.
No mais é importante agradecer que estamos todos bem. Que nossa integridade física está intacta, que temos como nos recompor, nos assegurar melhor, ficarmos mais alertas. Não é pela cerveja roubada, mas pelo sossego. Hoje não tem brinde.