Aos 23 anos, João da Motta – o Mulambö – é um dos artistas que vem chamando a atenção do público e da crítica carioca. Em curso com a sua terceira mostra individual, baseia seu trabalho nos olhares da arte contemporânea de Carla Santana e Yhuri Cruz para criar diálogos sobre problemas sociais.
E o que seria mais um cilchê no segmento artístico, tornou-se uma grande surpresa. “Prato de Pedreiro”, aberta ao público no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica até 8 de dezembro de 2020, faz uma leitura íntima da fome e dos desejos não atendidos como espelho social. “A exposição pensa a fome pra além da questão política, é a fome no campo da vontade, do desejo. Vindos do subúrbio e da periferia com corpos marginalizados temos vontade de chegar e mostrar que estamos vivos. A fome que trabalho é a fome de viver”, explica.
O artista, que começou com histórias em quadrinhos ainda criança, conta que faz arte para pensar sobre referências e que por isso seu trabalho é voltado para pessoas que vêm do mesmo lugar que ele, da periferia. “Nós temos fome, temos vontade, mas é difícil que alguém nos diga que nossos desejos são importantes”. Para Mulambö, só um prato de pedreiro é capaz de sustentar tantos desejos assim.
Para a exposição, foram utilizados materiais geralmente descartados como papelão, vassouras velhas, tecidos e tijolos.
Serviço
Exposição Prato de Pedreiro – Mulambö
Até 08 de fevereiro / 2020
Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
Rua Luis de Camões 68, Praça Tiradentes.
Rio de Janeiro/RJ
Entrada gratuita
Visitação: de segunda a sábado, das 12h às 18h.