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Produtores brasileiros lançam manifesto contra “mel de laboratório”

Um vídeo manifesto foi lançado no mês de maio por meliponicultores, apicultores e ativistas  brasileiros em resposta a um projeto polêmico de uma start-up israelense: o “mel de laboratório”.

No material que circula por entre grupos de agricultura e gastronomia, o grupo questiona os argumentos de “sustentabilidade” adotados pela empresa estrangeira e rebatem informações falsas ou incompletas divulgadas no lançamento do produto da empresa Bee-iO.

A novidade é veementemente rechaçada pelos produtores e ativistas que assinam o vídeo: Bee Living Mel, Dr. Mikhael Marques, Florestas de Comida, Heborá Mel do Brasil, MBee, Meliponicultura.org, Prazeres da Mesa, Preserve Bee, Reenvolver, Slowfood Brasil, S.O.S Abelhas sem Ferrão, Tupygua´, Instituto Atá e Ybi-ira. 

Segundo Eugênio Basile, da MBee, o vídeo-manifesto foi uma oportunidade de unir ainda mais os atores deste mercado. “Muita gente entrou em contato com a gente sobre o vídeo.  Fazia muito sentido a gente montar uma resposta em grupo, então fomos conversar com o Jerônimo Villas-Bôas e a Paty Mool, que toparam na hora. Montamos um grupo com 12 pessoas e foi muito bom produzir esse material. Embora fossem profissionais com quem nem tínhamos um relacionamento muito próximo, entendemos que era um objetivo maior e único. Foi um time de muito respeito, todas as opiniões foram discutidas de forma tranquila e estou muito orgulhoso de ter participado disso”, afirma.

 

O que é o mel de laboratório

O produto lançado pela start-up israelense Bee-iO parece mel, cheira como mel e tem gosto de mel, mas não vem das abelhas. Através de néctar de plantas e enzimas artificiais “treinadas” para atuar como se fossem o estômago das abelhas – que processa o material natural, dando cor, textura e sabor ao produto final – a empresa conseguiu desenvolver algo próximo do mel convencional, uma fac-símile (ou fake news!). 

Segundo entrevista para o jornal Jerusalem Post, a Bee-iO planeja produzir seu mel artificial em escala comercial ainda no primeiro semestre de 2022. “Poderemos fazer produtos de natureza muito limitada”, afirmou o CEO da start-up Ofir Dvash. 

“O mel natural é antibacteriano e nosso mel também. Ele tem diferentes vitaminas, antioxidantes, cálcio e muitos outros materiais que o mel normal, mas sem os elementos ruins que são muito comuns, como produtos químicos e toxinas. Por isso, o mel de Bee-io será totalmente seguro para o consumo de bebês.”, afirmou ao jornal.  

Em um vídeo de divulgação do produto, argumentos como “produção” sustentável”, “mel sintético salva as abelhas da extinção” e “libera as abelhas exclusivamente para a polinização”, estão presentes, dando a entender que a produção de mel tradicional é prejudicial às abelhas. Estas informações são amplamente contestadas pelos produtores e ativistas brasileiros.

“O que tem salvado muitas espécies é a própria atividade de criação de abelhas, seus criadores e protetores. A apicultura e a meliponicultura beneficiam mais de 3 milhões de pessoas ao redor do mundo. O manejo gera renda e contribui para a conservação das espécies e ecossistemas onde estão inseridas“, informa a mensagem coletiva dos produtores. 

Confira o vídeo sobre o mel de laboratório e a resposta dos produtores brasileiros.

Realização: @beelivingmel@drmikhaelmarques@florestasdecomida@hebora_meldobrasil@institutoata
@mbeemel@meliponiculturaoficial@prazeresdamesa@preserve_bee@reenvolver@slowfood.brasil@sosabelhassemferrao@tupygua @institutoata e @ybiira

Roteiro e produção: @patymoll
Edição e finalização: @karim.ro / @curupira_films

Observação: vídeo feito a partir de algumas imagens compartilhadas publicamente na internet

 

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