Cheiros, sensações, memórias: o que já é possível sentir em um ambiente virtual

Cheiros, sensações, memórias: o que já é possível sentir em um ambiente virtual

- em Bev Hack Lab (BHL), Inovar, Matérias
Projeto Expanse uniu profissionais de três países e criou novas possibilidades de interação entre real e virtual

Bev Hack Lab, o laboratório de inovação da Ambev integrante do CIT (Centro de Inovação e Tecnologia), desenvolve novas possibilidades de storytelling sensorial e prepara consumidores para experiências virtuais cada vez mais reais.  

O desenvolvimento de narrativas sensoriais tem sido foco do trabalho no BHL – Bev Hack Lab -, laboratório de inovação da Ambev dedicado a pesquisas de disrupção em torno do consumo de bebidas e experiências para o consumidor. Atualmente, estão sendo testadas tecnologias que possibilitam cheiros e estruturas para novos níveis de imersibilidade em ambientes virtuais, como o metaverso. 

Segundo José Virgílio Braghetto Neto, fundador e gestor do BHL, a missão é obter um novo nível de influência e interatividade através de novas camadas multisensoriais. “O olfato, por exemplo, é um dos nossos sensores mais poderosos porque traz memórias, afetividades e outras conexões neurais ligadas às emoções. Queremos contar histórias através dos cheiros e, logo mais, através do paladar”. 

Experiências com aromas da Givaudan | Foto: divulgação

Colaboração entre países viabilizou projeto inovador 

A realidade virtual com cheiro é o centro do projeto experimental Expanse, em desenvolvimento no BHL em parceria com a Omni Labs (grupo Omni Midia) e que pode revolucionar a indústria da gastronomia e do entretenimento. 

Para o projeto, foi criada uma interface humano-máquina em forma de copo que atua como um controle de videogame. Este dispositivo interage com um ambiente em realidade virtual e com o difusor de aromas IoT (Internet of Things), desenvolvido pela Moodo, uma startup israelense de difusores aromáticos inovadores, junto com a Givaudan, tradicional produtora suíça de fragrâncias e sabores. A ideia é que haja uma narrativa olfativa em conjunto com o storytelling visual para dar mais realismo e emoção à experiência.

Projeto Expanse está em fase de desenvolvimento no BHL

Para tornar o projeto realidade, um “dream team” de criatividade e tecnologia foi formado: do Brasil, vieram criação, desenvolvimento, prototipagem e conceitos; de Israel, vieram os difusores aromáticos inteligentes conectados à  internet via IoT; e da Suíça, os aromas e sabores. Juntos, eles colocam o aroma como protagonista em experiências para o consumidor em realidade virtual e games, inovando em um universo ainda pouco explorado: o do “Sensory Customer Experience” ou “Branding Emocional-cognition” através do olfato.

Através desse mix tecnológico, o usuário poderá participar de uma degustação de cervejas, por exemplo, assistindo de forma imersiva à rotina do local de origem da bebida e ainda sentir de forma realística todo o aroma que ela traz, ou de um campo de flores, de lúpulo ou uma adega de maturação.

Um protótipo já passou por testes com o público interno da Ambev em abril deste ano e, atualmente, estão sendo estudadas possibilidades de interações com o consumidor.

Novas narrativas sensoriais se tornam possíveis com a chegada dos aromas à realidade aumentada

Novas possibilidades de interação com o consumidor no Brasil

Segundo Daniel Baumann, diretor do Centro de Inovações da Ambev no Rio de Janeiro, as possibilidades de narrativas sensoriais vão ao encontro com a forma que evoluímos as nossas relações com os consumidores. “O intuito é conquistar as pessoas pela mente, boca e coração. E a ciência já sabe que os cheiros vão diretamente do nariz para o córtex olfativo e que esta região está ligada diretamente à área do cérebro em que surgem as emoções e ficam registradas as memórias emotivas”, explica. “Com este projeto, podemos ajudar o nosso consumidor a ter cada vez mais experiências memoráveis e positivas com os nossos produtos, além de ser algo inovador e muito divertido”.

A pesquisa no BHL pode ainda quebrar paradigmas de marketing, consumo e relacionamento com o consumidor. “A partir do momento em que atingimos este novo patamar de comunicação com o consumidor, criamos novas pontes com ele. Não se trata apenas de vender um novo produto, significa dar ao consumidor a possibilidade de expandir seu potencial sensorial e também criar um novo caminho para o marketing com storytelling”, diz Baumann.

As narrativas sensoriais pelo mundo 

Sentir cheiros em ambientes virtuais já é uma realidade e algumas start-ups já se dedicam a aperfeiçoar estas tecnologias. Um exemplo é a OVR Technology (abreviação de olfactory virtual reality), que cria novas possibilidades olfativas para ambientes virtuais através de cartuchos aromáticos que podem ser programados para, quando combinados, criarem centenas de cheiros diferentes.

Para o CEO da companhia, Aaron Wisniewski, que acumula experiências profissionais como sommelier, chef de cozinha, mixologista e artista sensorial, “o metaverso sem cheiro seria como viver uma vida em preto e branco”. A OVR foi destaque na Living With Senses, primeira exposição olfativa do Museum of Craft and Design, em São Francisco, Califórnia, realizada entre fevereiro e junho deste ano.

SOBRE O BHL

O BHL – Bev Hack Lab – é um braço do CIT – Centro de Inovação Tecnológica, porém com mindset de garagem 100% experimental e underground. Localizado em Ribeirão Preto, o laboratório conta com uma equipe enxuta de cientistas e é responsável por pesquisas e desenvolvimento de produtos que andam à margem do principal mercado consumidor de cerveja. O foco do BHL é propor novos olhares para o consumo de bebidas no mercado nacional e global.

 

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