O universo da Camellia Sinensis em expansão: “Quem bebe chá é mais feliz”

O universo da Camellia Sinensis em expansão: “Quem bebe chá é mais feliz”

- em Beber

Vinda de uma família argentina, a bióloga carioca Carla Vicente nem imaginava, há alguns anos, que o chá seria o vórtice central da sua vida. Até 2014, trabalhava em uma empresa do setor petrolífero e mantinha uma carreira estável na área de responsabilidade social, com um bom salário. Porém, um dia, o vazio típico da inquietude bateu à sua porta e foi durante uma hora extra no escritório que o clique aconteceu.

A mesma empresa tamém proporcionou um feliz encontro. Foi lá que Carla conheceu a Carol Tavares, e essa união seguiria pela vida e pelos negócios que até então nem imaginavam que seriam possíveis. Carol, geóloga por formação, atuava na exploração do petróleo e também havia atuado por anos como comissária de bordo.

Depois de algumas tentativas frustradas de encontrar um caminho profissional, foi em um jantar de negócios na Noruega que Carla teve seu primeiro contato com o chá. Por insistência da garçonete, ela provou a bebida e se interessou pelo design da embalagem. A partir daí, começou a buscar variedades e a pesquisar sobre as diversas origens e peculiaridades da planta Camellia Sinensis. Veio então a oportunidade de fazer um curso de especialização na Argentina. Carol topou a aventura e partiram as duas rumo ao início de uma carreira de empreendedorismo e desbravamento de mercado.

Ao voltar do curso, Carla percebeu os efeitos que o ato de beber chá tinham no seu corpo e mente. “Passei a sentir que o momento de consumo do chá é de um prazer e relaxamento totais. Senti que com a L-theanina fui entrando no eixo novamente. Tomar chá coloca você na sua melhor versão”, conta.

O GOLPE E A CRISE

Em 2014, quando Carla e Carol já haviam deixado a empresa petrolífera, veio o golpe. Carol estava se dedicando ao mestrado quando decidiram comprar um apartamento com as economias guardadas. Um sonho estava se tornando realidade e a expectativa de embarcar em novos projetos era enorme. Planos feitos, metas traçadas: vamos viver de chá! Só que não.

Neste ano, perderam o apartamento comprado e todas as reservas financeiras por conta de um golpe da construtora, fato que se desenrolou em longos processos e brigas judiciais que não deram em nada. A solução foi aceitar a perda e recuperar o fôlego para recomeçar mais uma vez.

Com o pouco dinheiro que havia sobrado, decidiram ir para Sri Lanka, em uma expedição aos chazais locais. Lá, estudaram sobre o chá do Ceilão – um dos chás mais reconhecidos do mundo – e toda sua cadeia produtiva. “Observamos as pessoas colhendo chá, mulheres incríveis e humildes trabalhando nas plantações, que têm uma energia maravilhosa”, disse Carol. Por lá, apenas as mulheres podem trabalhar na colheita da Camellia Sinensis.

Retornaram ao Brasil com quase nada de dinheiro, mas muitos sonhos. Depois de manter contato com produtores de chá brasileiros e perceber a enorme resiliência com que essas pessoas mantinham suas plantações e negócios (algo inusitado em um país quente e sem a cultura da bebida), Carla e Carol tomaram a decisão de abrir o mercado e explorar as possibilidades do chá.

 

A REVOLUÇÃO COM CHÁS GELADOS

Foi em 2016 que fundaram a Blue Dog Revolution, uma empresa de chás gelados que conquistou o público carioca. A sacaca foi unir o cuidado com a saúde com sabor e refrescância.

A produção de 400 litros semanais, até então caseira, era vendida em feiras no Rio de Janeiro. “Lá podíamos ver o rosto dos clientes, ter feedbacks e saber o que eles mais gostavam”, conta Carla.

Com a crescente procura, os desafios foram surgindo: precisavam de melhores maneiras de armazenamento, de aumentar a produção sem endividamento, de expandir a distribuição. Em poucos meses, saíram da escala caseira e partiram para a industrial, passando a fabricar os chás da Blue Dog em uma indústria em Goiás.

EDUCAÇÃO DE NOVOS PÚBLICOS DO CHÁ

Sentindo o mercado se agitando pelas bandas do chá, Carla e Carol apostaram, em 2018, em mais um negócio: a Chá Pra Quê?, uma empresa de cursos online de capacitação de público e também de especialização para novos profissionais da área.

O que era no início apenas um canal no YouTube, se tornou o que é hoje uma das maiores escolas de chá do país, com aulas 100% online. Com investimento pesado em marketing digital e no relacionamento próximo com os alunos, a Chá pra Quê? vai na contramão de quem acredita que o Brasil não gosta de chá.

Até hoje, a escola já teve 12 turmas, com mais de 2.500 alunos interessados ou em se educar como consumidor, ou em trabalhar com a área do chá, ou ainda em fundar negócios no segmento. Ao ano, são de 5 a 7 turmas montadas.

“Sempre tivemos um objetivo muito claro e um pensamento de expandir. Sempre porque acreditamos na educação e em novos empreendedores que enxergam o chá como nós enxergamos”, conta Carol. “Essa coisa de que brasileiro não bebe chá é uma mentira”, diverte-se.

LIÇÕES DE EMPREENDEDORISMO

Quem vê a Chá Pra Que? crescendo exponencialmente ano a ano, não imagina que por trás disso há uma equipe enxuta trabalhando remotamente e muito foco. “Quem quer fazer tudo, não faz nada direito. Esse é o nosso projeto de vida”, diz Carol.

Para Carol, os resultados já apareceram e as enchem de motivação para continuar com o projeto. “Já tivemos uma aluna moradora de uma favela no Rio, que vai produzir blends e vender chá nas favelas. Isso não é sensacional?”, conta.

Por conta do crescimento da Chá Pra Que? a produção dos chás na Blue Dog foi suspensa. O foco agora são os cursos e a produção de conteúdo gratuito que elas publicam semanalmente em seus canais no YouTube, Instagram e Facebook. Lá, é possível encontrar pequenos drops sobre os benefícios da Camellia Sinensis, as diferenças entre os chás, modos de preparo, origens, curiosidades, e tantos outros assuntos.

Para acompanhar a Chá Pra Que? acompanhe o Instagram, o YouTube e o Facebook. Se quiser saber mais sobre os cursos de especialização em Tea Connoisseur & Tea Sommelier, veja o site oficial.

 

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