Se legalizada no Brasil, produção de sementes de cânhamo custaria R$6.820 por hectare

Se legalizada no Brasil, produção de sementes de cânhamo custaria R$6.820 por hectare

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As sementes do cânhamo, planta pertencente à espécie Cannabis sativa L., são conhecidas mundialmente por suas propriedades nutricionais. No Brasil, o vegetal ainda é proibido de ser cultivado, mas, se fosse legal, teria o custo para o produtor de R$6.820 por hectare, espaço que produziria até 1,6 tonelada do insumo. A tonelada tem o valor de mercado de até R$18.500,00.

A estimativa foi feita pelo relatório da Kaya Mind, primeira empresa brasileira especializada em inteligência de mercado com foco no segmento da cannabis e de seus periféricos, como o cânhamo. O estudo avaliou os impactos econômicos e sociais da sua produção no Brasil e no mundo.

O relatório mostra toda a história do cânhamo, planta pertencente à espécie Cannabis sativa L., presente em registros históricos desde 9.000 a.C, e dá destaque para a sua evolução ao longo do tempo, revelando dados sobre o alto potencial do produto principalmente para uso na agricultura devido às suas inúmeras possibilidades de produção de matérias-primas.

Semente de cânhamo é uma super food e EUA saem na frente

As sementes de cânhamo podem ser consumidas in natura, cozidas e assadas, bem como em forma de óleo, já sendo incorporadas em estudos gastronômicos no mundo todo. Além disso de poder ser usada em comidas e bebidas, pode ser processada industrialmente para cosméticos, insumos agrícolas e cuidado animal e também como fonte energética. Segundo a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até 2020, foram registrados 680 produtos alimentícios derivados da semente e do grão de cânhamo.

Apesar de serem usadas pela humanidade há milhares de anos, os estudos sobre o potencial nutritivo da semente de cânhamo são recentes. Por terem uma composição por volta de 29% a 35% de óleos – da qual 80% corresponde a ácidos graxos, 35% a proteínas e 10% a carboidratos e fibras -, elas são fontes importantes de nutrientes como ômega 3, proteínas, fibras, cálcio, ferro etc., sendo consideradas, inclusive, superfoods (superalimentos, em português), isto é, alimentos que contêm altos níveis de propriedades que podem prevenir ou tratar questões de saúde. Os ácidos graxos, por exemplo, são capazes de reduzir doenças cardiovasculares, câncer, artrite reumatóide, hipertensão, doenças autoimunes, entre outras.

Receita da nossa editora de “arroz” de brócolis com bacon e a semente proibida por aqui, trazida do Canadá. Sabor lembra sementes de girassol | Foto: Fran Micheli

Produção no Brasil seria rentável, se legalizada

O ciclo do cultivo de cânhamo para obter suas sementes dura por volta de 100 a 120 dias. As plantas devem atingir uma altura de 1,8 a 2,8 metros, além de serem cultivadas de forma densa, com 95 a 160 plantas por m². Esse espaçamento é maior do que no caso das fibras, pois é necessário para estimular a formação de flores e, por consequência, das sementes, mas, ainda assim, é menor do que aquele voltado para para a produção das flores do cânhamo.

Por fim, a colheita deve ser realizada em um tempo curto para evitar a dispersão das sementes, ou seja, a perda da matéria-prima. As sementes precisam de pouco ou nenhum processo de beneficiamento e, ainda, são embaladas para serem transportadas e comercializadas.

Essas características foram consideradas para calcular os possíveis lucros por hectare com o cultivo de cânhamo voltado para as sementes. O cenário de valores aponta que quanto maior o preço de mercado e maior a quantidade de sementes colhidas, maiores os ganhos.

Estimativa do retorno financeiro da produção de sementes de cânhamo por hectare no Brasil

Segundo análise da Kaya Mind, a estimativa do custo médio para produção de sementes de cânhamo no Brasil é de aproximadamente R$ 6.820,28 por hectare. Para que um produtor tenha lucro sobre essa colheita ele precisaria avaliar a sua produtividade por área e estabelecer preços com base neste volume para comercialização. Confira na tabela abaixo as faixas de preço e produtividade estimadas no Brasil, norteadas por informações do plantio de cânhamo em 22 regiões diferentes do mundo:

  • vermelho = prejuízo | *verde = lucro

O gráfico acima revela que, para vender a tonelada do insumo por R$4.500, por exemplo, sua produtividade precisaria ser maior do que 1,60 tonelada por hectare para gerar lucro. Um volume abaixo desta apresentaria mais custos para produzir do que retorno.

Já fazendo uma avaliação com a venda da tonelada das sementes de cânhamo por um valor de R$8.000, o produtor precisaria ter uma colheita de 0,95 tonelada em um hectare para ter lucro. Qualquer volume de produção abaixo disso apresentaria prejuízo.

No caso da venda por, pelo menos, R$ 11.500 por tonelada, o lucro viria com uma colheita de apenas 0,63 tonelada de produtividade por hectare. Qualquer preço acima desse valor precisaria da mesma quantidade de produtividade por área para obter saldos positivos, como é o caso da venda da tonelada por R$ 15.000 ou R$ 18.500, que apresentam os maiores lucros, por exemplo.

Além da análise da estimativa de retorno financeiro da sementes, a Kaya Mind também elaborou uma tabela com um comparativo sobre o potencial do óleo da semente de cânhamo com o óleo de CBD. Confira:

 

Kaya Mind é a primeira empresa brasileira especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, do cânhamo e de seus periféricos. Com metodologia própria e análises quantitativa e qualitativa desenvolve relatórios relacionados à cannabis. A startup oferece, ainda, uma plataforma de consolidação de dados e consultoria estratégica para empresas interessadas ou atuantes nesse setor, dentre outros serviços com foco na indústria de cannabis.

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