Do mato ao estrelato

Do mato ao estrelato

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Representação de Arcádia do pintor romântico Friedrich von Kaulbach. Domínio público

Bretta também é Chic

Era uma vez uma Bretta que andava pela floresta
Livre, leve e solta, ia de fruta para flores, sempre fazendo a festa
Mas Dona Bretta tinha um ritmo diferente, ficava pra trás das parente
Sua prima, Sacc Cerviase, mais sapeca e lisa, quase acabava com o banquete
Brett não reclamava, era quase seu normal
Não nega o que a parentada devora, mas gosta do que não é usual
Brett nasceu do mato, mas parecia talhada ao estrelato
Lenta e chata, sempre tem coisas complexas no prato
Um dia, porém, tudo mudou
O sol sumiu, e se viu inundada no meio de um barril
Ok, ela disse, aqui tem parente e também o que suprisse
No fim, se adaptou, conviveu, reencontrou colegas do mato, e continuou no seu ritmo de fato
Persistente, preguiçosa e sempre achando sua parte no banquete que de hora em hora aparecia
Porém, nem tudo é festa, sua vida teve perrengue
A isolaram dos colegas, dos parentes, sabia que não era bem-vinda
Sua vida era um grande esconde-esconde, até que um dia, foi recolhida
Sob a luz da ciência, deixou de ser selvagem, virou Britânica
Passaporte forte, mas ainda indesejada
Gostavam mais da parentada, aquelas gulosas que se fartavam
Apesar do passaporte bom, era barrada em muito restaurante, em muita festa
O passaporte continuou valendo, mas por falta de espaço, quase sempre só se encontrava
Brett no mato
Na Bélgica, sempre teve seu quarto
Seu lugar a mesa, com prato farto
Mas, mesmo por lá, uma hora também começou a sair de moda
Foi cassada, debelada e quase ninguém a deixa em paz
Gostava de comer com tempo
O que na Era do Fast Food, pecado era
Entretanto, um tal de Jackson a encontrou

Falou para todo mundo dela
– Brett é legal! Vocês têm que conhecer!
Enamorado por Brett, declamava suas qualidades
Declamou aos quatro ventos de suas qualidades e imprevisibilidades
Brett estava novamente no palco
Sob a luz da ciência, ganhou novos carimbos no passaporte
Todo mundo queria a Brett
Na América, ganhou tratamento de Estrela
Nutricionista
Quarto dela
Tudo regrado, comida separada e ar-condicionado
E viajou, como viajou
Voou a jato, rumo ao estrelato
Seu passaporte? Muito carimbado
E claro, chegou no Brasil também
Mas não se engane, a Brett que aqui chegou não é a mesma de onde saiu
Ela é selecionada, mimada, viajada
Chic
Selvagem é seu passado
Selvagem só Brett do mato

Mulher com Sombrinha ou ‘O Passeio’. 1875 – Óleo sobre Tela – Localização: National Gallery of Art em Washington, Estados Unidos

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