“Cozinha afetiva” é um termo que eu acho bem brega. Mas aí que tá! Geralmente as coisas meio bregas fazem um sentido e tanto. Que nem salpicão em festa de fim de ano ou churrasco de família. A travessa de vidro está lá todo ano, acho breguíssimo, incrivelmente delicioso e totalmente indispensável. (Se tiver uma flor feita com casca de tomate em cima, dá ainda mais quentinho no coração).

Falar de cozinha afetiva também parece aquelas coisas meio comuns sobre cozinhar pra quem se gosta e tal. Mas aí que tá! Quando a gente acha uma coisa comum demais, às vezes acaba deixando pra lá, porque parece básico demais. Assim como o salpicão, que se for trocado por uma maionese artesanal, feita com frangos da Malásia e sal do Himalaia, vai fazer muita falta.

É uma delícia cozinhar pra quem se gosta. Pros crushs da vida, pros filhos, bancar o chef pros amigos. Mas o quanto você cozinha afetivamente só pra você?

Um prato bonito ou trabalhoso, ou simplesmente só delicioso, aquele conforto depois de um dia ruim. Sem medo da louça suja ou de não ter motivos suficientes pra isso?

Colocar aquela empolgação de quem vai fazer um banquete e receber elogios das pessoas, num prato que só você vai provar.

A geração delivery é uma delícia, óbvio! E prática também. Mas bem fria com o trocadilho da palavra. 

Uma boa comida tem o poder de transformar até os piores humores. Mas na minha concepção de comida afetiva, não é o resultado final que é o grande impacto. É o preparo. Alí, onde você vai escolher seus ingredientes, comer aquela azeitonona no meio do processo, pegar um palmito inteiro e ver que não tem mais pra colocar no risoto.

Sexta feira a noite, daqueles dias em que chegaria o Natal antes mesmo das 18h.
Pedir uma pizza pra comer sem dividir é uma opção muito tentadora, mas uma alternativa é aquela receita salva no tik tok.

Banho, roupa confortável, partiu cozinha

Uma música de fundo é como queijo pro macarrão. Um bom blues talvez seria muito sexy pra quem tá sozinho, mas porque não também?! Play no John Mayer (que dependendo da quantidade de álcool, será substituído por Britney Spears).

Falando em álcool, já sabemos que garrafas de vinho são doses individuais, então sem hesitação em abrir uma garrafa. 

Pica cebola, pica o alho, mexe a panela, e é nesse momento que a mágica começa acontecer. O cheirinho das coisas acontecendo liberam sensações no cérebro de problemas resolvidos e vida tranquila. Confia, a fonte desse estudo sou eu mesma.

Aqueles dez minutos que você tem controle de tudo e sensação de paz. O estômago começa a perceber o que está por vir e já se prepara. O universo gastronômico conspira a seu favor. Cozinhar para si permite grandes mudanças na receita, como trocar todos os ingredientes ou triplicar a quantidade de queijos e ser feliz.

Muito se fala de higiene do sono, skincare, cuidar da mente. Mas ninguém está falando da maravilha que é a cozinha. É aquela sensação de dever cumprido e merecimento no final. Tudo, tudo, tudo aquilo, feito só pra você.

Ah, a louça fica pra amanhã, tá?

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