Saudades cervejeiras dos amigos que nunca fiz

Saudades cervejeiras dos amigos que nunca fiz

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Antes, eu tinha uma vida agitada. O mercado de cervejas tem uma agenda anual extensa. Tinha. Vai ter. E os eventos de pequeno ou grande porte são sempre uma boa experiência de cervejas, tendências e pessoas. A cerveja sempre foi social, a relação que a bebida cria a partir do momento em que você brinda com o outro.

Saúde!!! Olhando nos olhos de desconhecidos você brinda à vida. Icônico.

Os eventos servem para juntar aquelas pessoas que só se veem quando é algo do trabalho. As amizades que são exclusivas de acontecimentos marcados e agendados. Onde estão os abraços do Mondial de la Bière em pleno calor tropical do Rio de Janeiro? Aqueles brindes de quebrar uma caneca do IPA DAY? Como não lembrar até das amizades que não desfiz no Festival Brasileiro da Cerveja?!

Sabe, faz falta esse vazio que o isolamento nos causa. Onde estão os novos colegxs que fazemos na fila do banheiro do Slow Brew? Puxar uma conversa na fila do Pretzel da Oktoberfest era uma praxe anual. Perguntar sobre uma cerveja defumada ou rir sobre a pronúncia da Lei de Pureza alemã com uma pessoa que pode vir a ser sua amiga, uma desconhecida qualquer.

Aquela hamburgada no pátio da fábrica, os animados e inusitados aniversários de marcas cervejeiras, as festas, bandas, receitas colaborativas que nunca foram braçadas. Não vamos dar dicas de “provou a torneira 47 da Three Monkeys? Tá incrível. Não perde a 23 da Everbrew, que os caras causaram” para total estranhos. Olhar as fotos do celular no dia seguinte e pensar “quem são essas pessoas? ”, naquele abraço coletivo e amontoado.

Vizinhos de roda no IPA DAY BRASIL 2019. Papo Fermentado. 

Até mesmo os eventos que eu nunca fui e talvez não fosse esse ano também. Que falta me faz ver as fotos no instagram alheio, com todo mundo aglomerado, menos eu. Sinto saudades até dessa decepção do não ter feito, por qualquer outro motivo que não esse. Seguindo # e olhando o feed alheio.

Cerveja boa eu tenho em casa. Recebo em domicílio depois de alguns cliques.

Não é pela cerveja. É pelos abraços, pelas novidades contadas com a alegria do “ao vivo”. Cerveja boa, gelada, e no copo que eu gosto. De vidro e não nos de acrílico, de plástico ou no pote de geleia. Mas eu gosto mesmo de andar com o cordão pendurado e uma NEIPA chacoalhando de um lado ao outro em goles quentes e conversas animadas. Apresentações de novos chegados no mercado cervejeiro. Esta é Fulana de Tal, uma prima da minha vizinha, que trabalho com o sogro de um amigo meu.

Daqui alguns anos os amigues feitos nos eventos poderiam ser próximos. As viagens cervejeiras para a Bélgica que nunca faremos. Os passeios pela rota lupulada carioca que não vamos juntes. Nunca saberemos. Nunca brindaremos. A tristeza das amizades que acabaram antes mesmo de começar.

Um brinde a todas as pessoas que nessa agitada vida cervejeira, não nos conhecemos. Nunca fomos tão homebrew´s como agora. “cervejeirx caseirx” no sentido estrito da palavra. Saúde é o único desejo possível. O abraço a gente deixa para a próxima etapa. A amizade que não existe, continua a mesma 😉

Fotos: Bia Amorim =)

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