As outras bebidas que eu amo

As outras bebidas que eu amo

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Servindo. Foto: Hugo Battaglion

Como sommelier de cerveja meu foco é quase sempre o mesmo. Cerveja. Mas e fora do horário de trabalho? Quais os outros líquidos que acompanham meus goles?

O ato de beber com diversos sabores, texturas, temperaturas, com frescor, aquecimento e tantas outras funções e sentimentos é, atualmente, muito longe da função de hidratar e sobreviver.  A água é a bebida mais importante, sem sombra de dúvida. Mas ao longo dos milênios e séculos, fomos trazendo mais e mais diferentes opções ao copo.

 

Bebidas Não Alcoólicas

Café

é o que me faz levantar bem cedo. É rotina, a minha grande tradição das manhãs que, junto ao pão a chapa com manteiga, formam o que eu acredito ser a melhor combinação entre comida e bebida. Cheguei ao ponto de virar barista de mim mesma, fiz curso para estudar as técnicas para além das tradições vocais e gestuais que aprendemos de olhar em casa. Moer o café, pesar a água, medir o tempo. Ler os rótulos das embalagens de café. Buscar pelas informações sobre o rastreio de todos daqueles grãozinhos lindos. Tenho toda uma questão que parece frescura, mas é o frescor da torra. E temperatura da água, que muda as curvas dos sabores. Poxa, como dá para se divertir sendo metódica.

mulher passando água para o café
Mantra matutino. Foto: Hugo Battaglion

Limonada

é o meu suco favorito. Batido com gelo e açúcar, se possível aquela “suíça”, que vai um cadinho da casca, intensificando os sabores. Quando viajo gosto de provar as frutas nativas ou que se dão bem naquele lugar, principalmente se for em terras brasileiras. Açaí, Acerola, Caju, Umbu, Cupuaçu, Mangaba, Cacau, Pitanga, etc. A lista de frutas é imensa. Mas limão é aquele velho conhecido para quase sempre.

limonada
Limonada bem feita, turva, verde água e com colarinho. Foto: Arquivo Pessoal

Chás

gosto, entendo pouco. Com a Fran Micheli (Farofa Magazine) aprendendo sobre o assunto e se formando sommelier, algumas reuniões de pauta foram regadas a um complexo chá tostado, servido gelado com limão cravo. Viciante.

Fran Micheli, minha sommelier de chá favortia. Foto: Hugo Battaglion

Cajuína

Um copo “banheira” com gelo e algumas fatias de limão fariam o spa perfeito. Um canudo de bambu e eu ficaria horas refletindo sobre a vida. Pra mim é a bebida mais Sessão da Tarde possível.

Cajuina. Original brasileira, com gelo é ainda melhor.

Gosto ainda de água tônica, sempre com gelo e limão. Água com gás em alguns dias. Gatorade sem ter feito exercícios algum, de tangerina ou laranja, futilmente fake.

Já amei leite com chocolate, quente ou frio, mas abandonei faz alguns anos, assim como larguei os refrigerantes desde 2014.

 

Bebidas Alcoólicas, mas não cerveja

Coquetéis

foi meu primeiro ganha pão do mundo da Gastronomia. Trabalhei como bartender, olhei o mundo de bares e restaurantes enquanto batia a coquetelaria com drinques simples em uma época onde a Mixologia não existia e gelo redondo era mito.

Com o tempo e já em outras funções, fui conhecendo gente muito legal desta área e bebendo bons drinques. Com tantas misturas possíveis sempre me parece que é a categoria mais versátil de todas. Vai ser infinito enquanto durar.

Dos clássicos nomes como Dry Martini, quanto mais sujo, pra mim e pra Ju, melhor. O mais bem feito Negroni e com vermutes de tirar o fôlego. Com um certo bafo de Bourbon e pegada potente entre notas quentes em copos pequeninos. Ou misturas que destaquem a cachaça, o tropical, acidez.

No bar Agulha de POA, essa turma criou um coquetel com cachaça branca, cerveja catharina sour, maracujá, limão e xarope picante! Chama Bia e fizeram em minha homenagem =). Foto: Arquivo Pessoal

Vinhos

Me sinto sempre muito longe do paraíso vinícola. A oportunidade de beber bons vinhos por um preço mais justo parece ter melhorado por conta do cenário nacional. Espumantes talvez sejam os principais que sustentam essa tese. Os vinhos Naturais estão cada vez mais entregando qualidade.

Amo Brancos corpulentos, amanteigados ou ligeiramente frescos e secos. Gelados.

Dos Tintos eu gosto do equilíbrio e um limite no tempo de madeira. Os taninos, se estiverem controlados, podem até ser mais encorpados. Mas os elegantes e de voz baixa, equilibrados daquele jeito que uma descrição não se faz, apenas sentir.

Já os Portos e todos os mais alcoólicos que estão depois desses portões, em taças minúsculas e goles pequenos. Amo. Duram a garrafa enquanto não houver grandes tristezas.

Sequência de famosos. Foto: Arquivo pessoal

Saque/Sake

é uma das bebidas que eu mais quero estudar (e vou, matriculada!). Delicado, intenso, floral, fresco e de uma cultura tão bonita e longínqua. Sempre tenho receio de pedir um saque, mas tenho tomado ótimas opções nos últimos anos que cada vez mais aparecem em menus de restaurantes japoneses e outras tipologias casas que ampliam as opções de harmonizações.

Degustação de saques no restaurante Tata Sushi. Foto: Arquivo pessoal

Outras bebidas destiladas são sempre interessantes, licores que fecham bem um almoço, tequilas em dias mais festivos. Mas sou menos dessa área do bar. Sempre quando tenho um copo em mãos fico buscando fazer uma auditoria na cerveja e buscar por mais informações que me falem tudo possível sobre o líquido. Mas investigando cada ponto de contato. Crítica, com papilas que julgam e por isso também são julgadas.

Sobre beber qualidade, muito além de quantidade. O que chamamos de maturidade ou uma busca de sempre evoluir para além do cérebro, corpo e as vezes alma. Moderação, apreciação. Beber e seus limites. Beber e nossas responsabilidades.

Em outras bebidas, sou apenas consumidora. Feliz em descobrir nuances, sem compromisso com a verdade primordial. Brindando, derrubando, pagando, me decepcionando, descobrindo experiências bacanas. Um brinde a diversidade e diferentes escolhas, sempre livre. Saúde, sempre.

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